Trabalho da autoria de Sofia da Palma Rodrigues, Diogo Cardoso e Luciana Maruta, foi distinguido com o Prémio Literário Orlando Gonçalves 2022, este ano dedicado à modalidade de jornalismo
O júri da 25.ª edição do Prémio Literário Orlando Gonçalves, constituído por Miguel Carvalho, representante da Câmara Municipal da Amadora, Paulo Sérgio Santos, representante da Sociedade Portuguesa de Autores e João Miguel Rodrigues, representante do Sindicato dos Jornalistas, deliberou, por unanimidade, atribuir o prémio à obra concorrente com o título “Por Ti, Portugal, eu juro”, da autoria de Sofia da Palma Rodrigues, Diogo Cardoso e Luciana Maruta.
Justificação do júri ao trabalho premiado:
“O trabalho coletivo “Por Ti, Portugal, eu juro!”, é um raro, dinâmico e brilhante exemplo jornalístico de memória e de atualidade.
O retrato desta realidade colonial, em grande parte desconhecida, esquecida ou “atropelada” pelas circunstâncias históricas, não se limita a mergulhar nas profundezas de um tempo para dele fazer luz.
Vai mais longe: desassossega verdades vigentes, contrasta narrativas oficiais, resgata vozes silenciadas e levanta questões de importância extrema sobre as conveniências e segredos perpetuados, ainda hoje, pelas instituições democráticas.
Trata-se de um trabalho que consegue congregar, ao nível do conteúdo e da sua plataforma, vários segmentos etários, apelando, para além do seu mérito jornalístico em sentido estrito, à interação e ao interesse das novas gerações. Este aspeto torna-se mais relevante ainda, dado que, pela sua natureza, o assunto poderia ser mais apelativo para gerações que, cronologicamente, teriam uma proximidade maior com o tema de fundo.
O facto de se tratar de um trabalho em que há um aprofundamento criterioso, evidencia também a importância do jornalismo e dos jornalistas num contexto em que as redes sociais são, muitas vezes, tidas pelos utilizadores como verdadeiros meios de comunicação social. É, além de tudo, um verdadeiro trabalho multimédia que, da fotografia ao vídeo, passando pelo grafismo móvel, usa todos os recursos tecnológicos possíveis para “falar”, com qualidade superlativa, a várias gerações.”
A cerimónia de entrega do Prémio, inserida na Festa do Livro, realiza-se no próximo dia 10 de setembro (sábado), pelas 18h00, na Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos.
Os autores da obra vencedora receberão um prémio no valor total de cinco mil euros.
Sobre | Sofia da Palma Rodrigues
Jornalista, com experiência como repórter de investigação em diferentes países da Europa, África e América.
Fundou em parceria a Divergente, uma revista digital de jornalismo narrativo focada em histórias de investigação e imersivas que trazem novas abordagens à forma como o jornalismo tem sido feito.
Doutorada em Estudos Pós-Coloniais. Nos últimos anos, dedicou-se a estudar as micronarrativas que relatam as experiências vividas pelas tropas africanas que lutaram ao lado de Portugal durante a Guerra Colonial (1961-1974).
Sobre | Diogo Cardoso
Além de jornalista com a Divergente, é contador de histórias visuais independente desde 2014 e trabalha principalmente com desportes aquáticos.
Faz parte da equipe de projetos narrativos de Bagabaga e é membro dos órgãos de governo da cooperativa.
Sobre | Luciana Maruta
Luciana trabalhou como jornalista e consultora de comunicação na produtora audiovisual PGM — Projectos Globals de Media.
Além de jornalista da Divergente, faz parte da equipe narrativa de Bagabaga.
O Prémio – breve nota
O Prémio Literário Orlando Gonçalves, instituído em 1998 pela Câmara Municipal da Amadora, tem por objetivo, por um lado, homenagear a memória do escritor e jornalista Orlando Gonçalves e por outro incentivar a produção literária, contribuindo para a defesa e enriquecimento da língua portuguesa.
Este prémio destina-se a galardoar, anualmente e de forma alternada, uma obra de ficção narrativa e um trabalho jornalístico de investigação ou grande reportagem.
Orlando Bernardino Gonçalves, um dos precursores do movimento neorrealista português, foi escritor e jornalista de imprensa escrita e de rádio, tendo sido inclusive Diretor do jornal Notícias da Amadora durante mais de trinta anos, atividade que sempre desenvolveu a par das suas intervenções cívicas e políticas na defesa dos direitos e deveres de uma cidadania plena, consciente e esclarecida, sustentada pelo enriquecimento intelectual.
Orlando Gonçalves foi agraciado com a Medalha de Ouro da Cidade da Amadora em 1989, em 1993 o seu romance Enredos da Memória foi galardoado com o Prémio Literário Cidade da Amadora e em 1997 foi mais uma vez homenageado pela Câmara Municipal da Amadora, por ocasião das comemorações do 25 de Abril.