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"Reservado" de EU.CLIDES é o vencedor do Prémio José Afonso 2022

Os jurados do Prémio José Afonso 2022, decidiram premiar o disco "Reservado" de EU.CLIDES, por ser um trabalho de estreia muito promissor, de um artista muito completo (compositor, produtor, guitarrista, letrista, cantor) que representa, pelo seu rasgo e qualidade musical, o que de melhor se faz atualmente no panorama cultural português. Por unanimidade, quiseram celebrar a sua capacidade de experimentar novas sonoridades, tendo como âncora a música de Cabo Verde, na linha do que José Afonso sempre concretizou: o cruzamento entre tradição e renovação.
 
CAOS'A de Rita Vian, um álbum com letras poéticas, muito bem escritas e muito bem cantadas num casamento feliz entre melodias vocais que aludem à música tradicional portuguesa e ao fado e à música eletrónica de Branko, recebe a única menção honrosa, como forma de o destacar no âmbito da nova música portuguesa.
 
O júri do Prémio José Afonso 2022 foi constituído por Sérgio Azevedo (em representação da Câmara Municipal da Amadora), Pedro Teixeira da Silva (em representação do Teatro Nacional São Carlos) e Capicua (Ana Matos Fernandes), que foi a vencedora deste prémio em 2021.
 
Sobre | "Reservado" - Vencedor do Prémio José Afonso 2022
«Reservado é um dizer de poucas palavras, contido mas intenso. E é, também, aquilo que está guardado à espera de um momento, não propriamente definido. (Discreto com discrição.) É um lugar aberto à instrospeção—tudo o que é visto já aparece sentido e pensado. EU.CLIDES vive na tensão entre o encontro e a evasão, a festa e o sonambulismo, entre o vivo e o morto. E, nessa tensão, interseta vários personagens, efabulações de músicos que admira e com quem partilha raízes. Um Orlando Pantera que lhe dá mentoria e que o ouve ao longe mas, nem por isso, menos atentamente. Um Carmo que pode ser um Carlos ou uma Lucília, nome próprio ou sobrenome, com quem dialoga em tom de monólogo. Dança com alguém que não lhe corresponde e esse impasse confronta-o com o seu desassossego. Essa inquietação é latente nas várias digressões musicais que apresenta em tão curto espaço de tempo, e que são o resultado natural de uma vida repleta de viagens e de assimilação de diferentes culturas. Talvez o seu lugar cativo seja mesmo apenas nesse que não tem território, e que chamamos música.»
 
Sobre | EU.CLIDES
"A minha vida não é uma linha cronológica, é mais abstrato e não-linear. O que acontece é que consigo perceber padrões que se foram repetindo em diferentes fases." EU.CLIDES
Em 2020, enquanto o mundo parava e experimentávamos uma estranha e reclusa forma de vida, EU.CLIDES ganhou fôlego para levar a música que andava a experimentar em casa à rua, ainda antes de tudo fechar. Mas até dar esse passo com confiança foi preciso primeiro que se cruzasse com diferentes culturas, comunidades e cenas musicais. A presença constante da guitarra e a forma criativa, quase ilimitada, como a traz à linguagem musical vem de uma relação já antiga e familiar. As aprendizagens informal, recebida em contexto de igreja, e formal, que recebeu no conservatório, foram fundacionais no seu trabalho atual. Livre da disciplina rígida do clássico, envolveu-se na cena gospel e hip-hop parisiense. Essa profusão de experiências e partilhas levou-o a três anos de tournées com vários grupos pelo mundo inteiro. Esses anos deram-lhe, sobretudo, consciência da sua pequenez: "Levei uma chapada. Afinal, eu não sei nada..."
Essa vida frenética levou-o a um cansaço físico e psicológico. Altura em que EU.CLIDES dá mais um passo improvável: "Tenho de parar a digressão para começar o meu projeto". Nestes avanços e recuos, iniciou um extenso processo de procura da sua sonoridade. De repente, o músico cosmopolita e itinerante faz do quarto um estúdio e vê-se fechado nesse pequeno laboratório, onde se pode dedicar livremente a experiências sonoras da sua lavra. Apesar de isolado, partilha à distância todo o processo criativo e as primeiras maquetes com TOTA, um compositor e letrista com quem estabelece uma inusitada parceria criativa. Esta parceria estende-se desde o primeiro single ao primeiro álbum de originais, que sairá neste ano de 2023. Este álbum, cujas letras são assinadas por TOTA, conta também com a colaboração de Pedro da Linha, produtor emergente da cena musical de Lisboa com quem já colaborou anteriormente. Segundo EU.CLIDES: "É uma obra onde sinto que estou a ir mais além do que alguma vez pensei que iria".
 
Sobre | RITA VIAN
«Rita Vian trabalha a sua voz e composição num espectro amplo entre a eletrónica e a tradição. O fado é um capítulo muito importante na sua expressão artística, bem como a música urbana é a outra face dessa mesma artista. O remix de Branko para o single “Sereia” apresentou Rita Vian a uma audiência mais ampla. Seguiu-se “Purga”, que conta com um vídeo realizado por João Pedro Moreira (Buraka Som Sistema, Regula, Dino D`Santiago). Este tema foi considerado pela plataforma digital TIDAL uma das melhores músicas de 2020, a canção nacional de 2020 pela rádio RADAR e uma das canções portuguesas que salvaram 2020 pelo Observador. Os caminhos de Rita Vian são tão inesperados como arrebatadores. CAOS'A é o título do novo EP de Rita Vian. O EP de cinco temas conta com a produção de Branko e tem como single "Trago", com realização do João Pedro Moreira. Depois de uma composta casa no Teatro Tivoli BBVA (Lisboa) seguiram-se apresentações no Maus Hábitos (Porto), Courage (Paredes de Coura), ambos em 2021. Em 2022, os momentos ao vivo não pararam em palcos como ID NO LIMITS, NOS Primavera Sound, NOS Alive, Bons Sons, Festival F, Vodafone Paredes de Coura, entre outros.
Para 2023 há música nova à espreita.»
 
 
Sobre | Prémio José Afonso
Instituído em 1988 pela Câmara Municipal da Amadora, o Prémio José Afonso é atribuído a um álbum editado no ano ou nos anos anteriores ao da edição do Prémio.
Tem como objetivo homenagear o cantor e compositor português José Afonso, preservando e perpetuando a obra do autor do célebre tema “Grândola Vila Morena”.
Visa ainda incentivar a criação musical de raiz portuguesa, galardoando temas que tenham como referência a Cultura, a Língua, a História e a Música Popular Portuguesa.
 
 
Lista de Álbuns Premiados | Prémio José Afonso
 
1988 - Para além das Cordilheiras - Fausto
1989 - Negro Fado - Vitorino
1990 - Aos Amores - Sérgio Godinho
1991 - Janelas Verdes - Júlio Pereira
1992 - Correspondências - José Mário Branco
1993 - Eu Que Me Comovo Por Tudo E Por Nada – Vitorino e António Lobo Antunes
1994 - Tinta Permanente - Sérgio Godinho
1995 - Traz Os Montes - Né Ladeiras
1996 - Maio Maduro Maio - José Mário Branco, Amélia Muge E João Afonso
1997 - Polas Ondas - Vai de Roda
1998 - Bocas do Inferno - Gaiteiros de Lisboa
1999 - Taco A Taco - Amélia Muge
2000 - O Primeiro Canto - Dulce Pontes
2001 - Vozes do Sul – Janita Salomé
2002 - Jorge Palma - Jorge Palma
2003 - Nove Fados E Uma Canção De Amor - Carlos do Carmo
2004 - À Porta Do Mundo - Filipa Pais
2005 - Torna Viagem - José Medeiros
2006 - não foi atribuído
2007 - Ceia Louca - Brigada Victor Jara
2008 - Senhor Poeta - Frei Fado d'El Rei
2009 - Chão - Mafalda Veiga
2010 - Solo II - António Pinho Vargas
2011 - Dois selos e um carimbo – Deolinda
2012 - não foi atribuído
2013 - Demudado em tudo - 4uatro Ao Sul
2014 - Gisela João - Gisela João
2015 - Atlantic Beat / Mad"in Portugal - O'queStrada
2016 - Mundo - Mariza
2017 - O Horizonte - Teresa Salgueiro
2018 - Praça Do Comércio - Júlio Pereira
2019 - Do Avesso - António Zambujo
2020 – Desalmadamente – de Lena d’Água
2021 - Madrepérola - de Capicua
2022 - Reservado - de Eu.Clides