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Na Amadora, uniram-se vozes contra a Mutilação Genital Feminina

O Auditório da Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos recebeu, no dia 3 de fevereiro, a apresentação do filme As vozes contra a mutilação genital feminina, produzido pela AJPAS – Associação de Intervenção Comunitária, Desenvolvimento Social e Saúde, na sequência de um financiamento concedido pela Câmara Municipal da Amadora, através do Programa de Apoio ao Movimento Associativo, a par de um prémio atribuído pela Comissão para a Cidadania e Igualdade do Género, por iniciativas que se distinguem na prevenção e combate à mutilação genital feminina (MGF).

Perante uma sala cheia, falou-se abertamente da MGF como uma prática nefasta e que importa combater, campo no qual a Amadora tem sido líder. Para a Presidente da Câmara Municipal, "todos podemos, e devemos, ser vozes contra a MGF, porque quando falamos de um tema tão grave - e que é um crime - essa é uma preocupação que tem de ser partilhada por toda a comunidade." Carla Tavares demonstrou mesmo preocupação "com a ignorância que é ainda muita", em pleno séc. XXI, pelo que deixou o alerta "da necessidade premente de envolver as escolas" na tentativa de erradicação desta prática.

A Câmara Municipal da Amadora foi a primeira autarquia a incluir a mutilação genital feminina no seu Plano Contra a Violência, e o trabalho que vem desenvolvendo nesta área foi elogiado por todos os intervenientes, ficando mesmo a esperança de que o mesmo possa ser replicado noutras organizações.

Apresentado por Carla Martingo, investigadora na área da MGF, As vozes contra a mutilação genital feminina conta com a coragem de mulheres - jovens e mais velhas - e líderes associativos e religiosos, em dar a cara para falar sobre um assunto que é ainda considerado tabú, não apenas nos países onde se pratica a MGF, mas também em Portugal. Através de testemunhos tocantes, de quem passou por esta prática, o objetivo do filme passa, em primeiro lugar, por fazer com que se fale da MGF abertamente, para que as comunidades que ainda a praticam sejam alertadas para os efeitos perniciosos de uma prática sangrenta, que não pode ser considerada "cultura", mas também para que toda a comunidade esteja atenta para a emergência da prevenção.

A sessão contou ainda com a participação de Pedro Calado, Alto-Comissário para as Migrações, Carlos Duarte, Vice-Presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género e de um painel de comentadores, composto por Alice Frade, da P&D Factor, Catarina Furtado, Embaixadora de Boa Vontade do UNFPA, António Carlos Silva, Presidente da AJPAS, Eduardo Djaló, Presidente da Associação dos Filhos e Amigos de Farim e de Adiato Samba Baldé, ativista pelo fim da MGF.